Três cenários possíveis com a variante Ômicron

Era só uma letra do alfabeto grego (ômicron significa um “o” pequeno; em oposição a ômega, que é um “o” grande) e o nome de um game meio obscuro: Omikron, de 1999, estrelado pelo cantor David Bowie (“acorde, povo de Omikron! Juntos podemos vencer”). Agora, é a coisa mais importante do mundo. É essa variante do coronavírus, que apareceu primeiro na África do Sul, mas já foi detectada em diversos outros países, que vai definir o nosso futuro. Ela tem 52 mutações, sendo 32 na proteína spike – os “espetos” que o vírus usa para se conectar às células (e que também são o alvo das vacinas e dos anticorpos). É muita coisa: quase quatro vezes mais mutações do que a variante Delta e suas nove alterações na spike.

Por isso, existe o receio de que a Ômicron seja mais transmissível, mais capaz de reinfectar quem já teve Covid e/ou consiga driblar parcialmente a proteção conferida pelas vacinas. Cientistas, indústria farmacêutica e autoridades de saúde estão correndo para tentar determinar quão perigosa a nova variante realmente é, e entender o que ela representa para o futuro da pandemia. Ninguém tem as respostas por enquanto. Mas, em linhas gerais, as principais possibilidades cabem em três cenários hipotéticos. Vamos a eles.

O cenário número 1 é o melhor de todos. Nele, a variante Ômicron não consegue se impor sobre as outras que já circulam. Ela chega a muitos países, mas não se torna dominante. Nessa hipótese, mesmo tendo um grau considerável de “escape imunológico” (capacidade de driblar os anticorpos induzidos pelas vacinas ou pela infecção por variantes mais antigas do Sars-CoV-2), ela não se espalha tanto quanto a Delta, que continua sendo a mais comum. Algo do tipo já aconteceu antes. A variante Beta, descoberta em dezembro de 2020 também na África do Sul, tem bem mais escape imunológico do que a Delta – que naquela época era só mais uma variante e não levantava maiores preocupações.

Mas deu no que deu: ao longo de 2021, a Delta conquistou o mundo e ocupou praticamente todo o espaço das demais variantes, Beta inclusive. É que o escape imunológico não é tudo para o vírus; a transmissibilidade também conta. A Delta não é tão competente em driblar as vacinas e o sistema imunológico (ainda bem), mas é extremamente contagiosa. Isso acontece porque ela se reproduz muito: a carga viral (quantidade de unidades do vírus) da pessoa infectada é até 1.200 vezes maior (1) do que com o Sars-CoV-2 “original”, de Wuhan. 

Os cientistas estão correndo para determinar quão perigosa ela é e o que representa para o futuro da pandemia. Ainda não há respostas definitivas. Mas as principais possibilidades cabem em três cenários hipotéticos. Veja quais são.

Três cenários possíveis com a variante Ômicron

publicado originalmente em superinteressante

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: