
Pesquisas estimam que 38% das pessoas enfrentarão algum tipo de câncer em certo momento da vida. No Brasil, a incidência da doença vem numa crescente: segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), nosso país registrou mais de 626 mil novos casos em 2020 – um aumento significativo em relação aos 489 270 diagnósticos de 2010.
O surgimento de um tumor é resultado de mutações genéticas que, entre outras coisas, levam à multiplicação desordenada de células. Ocorre que essas alterações não dependem apenas de uma predisposição gravada em nosso DNA: elas podem ser causadas por nossos hábitos de vida.
Mas, um novo levantamento da farmacêutica Sanofi Genzyme, em parceria com o Instituto Ipsos, mostra que grande parte da população ainda negligencia o papel do estilo de vida nesse enredo.
A pesquisa avaliou a percepção dos brasileiros sobre a influência dos hábitos na incidência do câncer, trazendo um foco específico para quatro tipos de tumores: pele, pulmão, mieloma múltiplo e mama. Foram ouvidas 1 500 pessoas de todas as regiões.
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Segundo a investigação, o câncer é uma preocupação do brasileiro: 88% conhecem alguém que já teve o diagnóstico e 82% têm medo de desenvolver a doença.
Um dado crítico é que 31% dos entrevistados concordaram (totalmente ou em partes) com a seguinte frase: “Hábitos de prevenção ao câncer são pouco efetivos, porque a maior causa do câncer é genética”. Além disso, 25% não souberam opinar sobre o assunto. Mas, como já contamos, isso não é verdade.
“O câncer é influenciado tanto por fatores herdados, que a gente não consegue modificar, como por fatores externos, do cotidiano, que podem acabar desencadeando um processo de transformação genética que dá início a tumores”, reforça Thiago Chulam, oncologista e head do Departamento de Prevenção e Diagnóstico Precoce do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Aliás, essa não é a única impressão torta que a população demostrou ter em relação ao impacto dos hábitos de vida no surgimento da doença: no que diz respeito ao câncer de mama, 28% acreditam que recorrer a métodos contraceptivos hormonais é um perigo, o que não é bem assim.
“A exposição excessiva a hormônios pode, sim, elevar o risco desse tumor, mas isso não está relacionado à utilização de contraceptivos indicados por médicos especializados. Até porque a dose hormonal encontrada neles é baixa”, diferencia o médico do A.C.Camargo.
Ainda sobre prevenção, 31% não souberam opinar sobre a relação entre o sobrepeso e o risco de câncer. Mas esse é um fator importantíssimo, ligado a mais de 10 tipos de tumores (e a outras doenças).
De acordo com Chulam, em primeiro lugar, a obesidade causa um estado de inflamação crônica no organismo. Fora que a gordura acumulada contribui para a liberação de substâncias capazes de incitar aquele processo de proliferação celular – o pano de fundo para o surgimento de um tumor.
No Dia Mundial de Combate ao Câncer, pesquisa mostra que muita gente ainda desconhece ou subestima fatores que facilitam o surgimento de tumores
Brasileiros negligenciam hábitos que ajudam a prevenir o câncer
publicado originalmente em Veja saúde

