Enxaqueca não é só dor de cabeça

Os sintomas de enxaqueca estão fortemente associados à dor de cabeça – que pode, muitas vezes, ser incapacitante –, mas não se restringem a apenas isso. Entre outras repercussões, pacientes enxaquecosos podem apresentar também dores no pescoço e até mesmo na musculatura dos ombros. Isso é o que aponta um estudo publicado na Cephalalgia , a revista oficial da International Headache Society (IHS) , que avaliou os músculos trapézios (que fica na região dos ombros) de pessoas com enxaqueca, a partir de exames de ressonância magnética. No estudo, foram avaliados 21 indivíduos com enxaqueca e 22 pessoas sem histórico da doença para se estabelecer o comparativo. Nos resultados, os pesquisadores verificaram que todos aqueles com enxaqueca tinham pontos de gatilho miofasciais no músculo trapézio, além de sinais que indicavam processos inflamatórios na musculatura.  “A enxaqueca é uma queixa comum e que frequentemente está associada a outras dores. A anamnese desses pacientes inclui a investigação de dores nos ombros, na face e na coluna cervical, quase sempre confirmadas por eles”, diz o médico neurologista Paulo Faro, especialista em cefaleia e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.  Faro ressalta que a cervicalgia (dor no pescoço), por exemplo, é frequente em pacientes com enxaqueca: “Há evidências de processos inflamatórios no músculo trapézio e isso é bem visto na prática clínica. O estudo em questão veio reforçar esse achado.” No estudo, entre aqueles que apresentaram alterações musculares, não houve diferenças significativas em relação à idade, sexo, índice de massa corporal ou número de pontos de gatilho miofasciais. “Porém, o que se constatou foi que todos os pacientes com enxaqueca apresentaram esses pontos nos músculos trapézios, de forma significativamente maior quando comparado ao grupo controle, ou seja, aqueles sem a condição”, continua o especialista. “Essa pesquisa está alinhada com as evidências que revelam um processo inflamatório periférico provocado pela enxaqueca, provando, mais uma vez, que a doença não é apenas uma simples dor de cabeça.” +Leia também: Uma cirurgia para enxaqueca?

Afinal, qual é a relação?

Faro explica que o complexo trigêmino-cervical é a estrutura chave para compreender o fenômeno que explicita a relação enxaqueca e dor muscular. “Há uma conexão de nervos que levam a informação de dor na cabeça e nos ombros. Em uma enxaqueca pesada, por exemplo, ramos do nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da região da cabeça, ativam os nervos cervicais, estimulando-os e também estimulando os músculos da região, que se tornam sensibilizados”, explica. O médico comenta que, em casos de enxaquecas frequentes (diárias ou semanais), a provocação de estímulos repetitivos torna a musculatura da face, pescoço e ombros cada vez mais sensível, levando a pessoa a sentir dores espontâneas. Na pesquisa, os resultados da ressonância magnética foram divididos em sequências e cada uma mostrava uma alteração em dada estrutura estudada. Na sequência utilizada, foi demonstrado o processo inflamatório hiperintenso (ou seja, mais claro na imagem), sugerindo que aquela região está inflamada. “ A enxaqueca ativada provoca um processo inflamatório na musculatura do trapézio, que foi o músculo alvo do estudo. Porém, outros músculos também demonstram essa inflamação”, esclarece Faro. Trabalhos futuros podem validar esse achado em amostras maiores, mas os pesquisadores acreditam que esse fator inflamatório pode ter potencial para se tornar um biomarcador viável. *Este conteúdo foi produzido pela Agência Einstein.

Estudo confirma a presença de pontos de gatilho no músculo trapézio, comprovando a existência de processos inflamatórios que fazem a dor ir além da cabeça

Enxaqueca não é só dor de cabeça

publicado em superinteressante

Cirurgia como saída para a enxaqueca?

Uma revisão publicada no periódico Annals of Surgery concluiu que um tipo de cirurgia pode ajudar a reduzir as crises de quem tem enxaquecacrônica. Só que o método, que descomprime nervos periféricos de regiões da cabeça e do pescoço, está longe de ser um consenso. “A maioria dos estudos que apontam benefícios foi feita sem um grupo placebo de controle, o que impede uma comparação justa. Além disso, a compressão não é a causa da enxaqueca, só mais um gatilho da dor, entre vários outros”, analisa o neurologista Marcelo Ciciarelli, presidente do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), entidade que não recomenda a operação. + Leia também:Chega de enxaqueca Há quem discorde. “Dizer que ela não funciona é ignorar dezenas de publicações de qualidade”, argumenta o cirurgião Paolo Rubez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Dor sob controle… ou não?

O que as pesquisas falam sobre métodos utilizados por aí: Meditação: Estudos mostram que práticas meditativas têm valor, mas quando usadas de maneira complementar ao tratamento-padrão. Acupuntura: A mesma lógica: apostar nas agulhadas como coadjuvantes no tratamento pode reduzir o número de crises que surgem no mês. 

Novo estudo sugere benefícios, mas técnica ainda é controversa entre os especialistas

Cirurgia como saída para a enxaqueca?

publicado em Veja saúde

Ômega-3 contra a enxaqueca

ômega-3 pode ter ação contra a enxaqueca, segundo uma nova pesquisa. Publicado no periódico The British Medical Journal (BMJ), o estudo foi feito por pesquisadores americanos com 182 pessoas que relatavam enxaquecas frequentes. Elas foram divididas em três grupos e receberam diferentes estilos de alimentação.

Durante o experimento, os participantes anotaram o número e a intensidade das crises e quantas vezes precisaram recorrer a remédios para controlá-las. Quem seguiu a dieta com mais peixes gordurosos, que concentram altos níveis de ômega-3, apresentou uma redução de 30 a 40% nas dores.

“Esse ácido graxo age no sistema nervoso central, onde reduz moléculas inflamatórias envolvidas na fisiopatologia da enxaqueca”, explica a nutricionista Camila Caverni, da Sociedade Brasileira de Cefaleia. “Os efeitos são sentidos quando o consumo é diário.”

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Quem sofre de enxaqueca precisa redobrar a atenção na hora de montar o prato:

O que deve entrar

  • Azeite: Gorduras do bem como a avaliada na pesquisa estão presentes também nesse óleo.
  • Arroz integral: Assim como a banana e o maracujá, ele tem triptofano, que eleva a serotonina, substância ligada ao bem-estar.
  • Temperos: Itens como orégano, gengibre e canela inibem a histamina, cujo acúmulo provoca enxaqueca.

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O que cortar

  • Embutidos: Salsichas e afins contêm compostos como nitritos, que causam vasodilatação e latejamentos.
  • Vinho: O problema aqui são os fenóis, aldeídos e sulfetos. Eles causam constrição dos vasos que irrigam a cabeça.
  • Queijos: A tiranina, presente também no chocolate, libera o hormônio prostaglandina, um gatilho para a dor.

Em estudo, o benefício do nutriente foi notado após 16 semanas de consumo

Ômega-3 contra a enxaqueca

publicado originalmente em Veja saúde

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