A Maldição do Farol… Sempre tem um lugar ( parte um)

A margem deve estar próxima, pensou Faustino, a essa altura já exausto de remar e estropiado de fome . Pelas contas dele já faziam pelo menos 48 horas que havia saído de casa para pescar. Em seus mais de vinte anos de experiência nunca tinha visto um nevoeiro tão denso a ponto de tirá-lo do rumo. Ele agora contava com um milagre para salvar-se , pois a comida havia acabado e o frio estava se tornando insuportável…
Faustino tremeu descontroladamente até adormecer de exaustão…em seu sonho ele caminhava sozinho na praia, isolado de tudo e de todos, quando ao longe ele avistava uma luz , uma luz que o magnetizava , hipnotizava, que era distante e dentro dele ao mesmo tempo. Isso o transportou para sua infância difícil, de abusos e de fome, quando dormia chorando à luz do lampião, na incerteza de um amanhã que talvez nem viesse. No auge do inverno o frio era algo de monstruoso, e o clima extremo obrigava a família a trancar-se por dias em casa, o sofrimento era grande, o fogo não aquecia o suficiente, e a comida sempre pouca era uma tortura permanente. A mãe resignada na miséria, pouco se importava com as ausências constantes do pai , entregue a bebida e perdido para eles…quando Faustino completou 12 anos, fugiu de casa para seguir a vida. Vagou de cidade em cidade, trocando trabalho por comida, até chegar a uma vila de pescadores, onde encontrou seu lugar.
A comunidade simples nunca fez muitas perguntas sobre seu passado, e ele logo se entrosou e aprendeu o ofício da pesca artesanal. Os anos passaram e ele tornou-se um excelente pescador, fazendo de seu ofício sua razão de viver. Agora, beirando os quarenta anos, às vezes pensava em se casar, mas ainda não havia encontrado alguém que preenchesse seu machucado coração. Foi em uma manhã ensolarada que ele pegou seu barco e saiu para a lagoa, tinha encomenda de bagres para o restaurante local, era a festa de aniversário do povoado, e o pessoal gostava da pesca dele, sempre de boa qualidade e no capricho.

… continua

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A Maldição do Farol… Não esperem a noite chegar ( final)

Em um fim de semana como outro qualquer, ele saiu para caçar capivaras e o quê mais aparecesse com seu amigo Valter. Caminharam um bom percurso a pé, a fim de se distanciar de onde pudesse ter algum desavisado. Eles estavam bem empolgados, nessa época as capivaras se reproduziam e ficavam bem mais vulneráveis. O combinado era sempre estarem a vista um do outro, a fim de evitar acidentes. Mas aquele fatídico dia reservava uma tragédia na vida de ambos…sem explicação, a arma de Jorge disparou, acertando em cheio Valter, que desde então ficou paraplégico.

O rapaz nunca mais se recuperou do trauma e acabou tirando a própria vida algum tempo depois. Jorge evitava a todo custo esse assunto, pois ele nunca se perdoou, apesar de Valter nunca tê- lo acusado. O amigo, inclusive, deixou uma carta explicando que o suicídio havia sido por não conseguir lidar com seus próprios demônios. Mas a culpa é traiçoeira, e sempre acompanhou Jorge… agora isso voltou com tanta nitidez à sua mente, que consegue até ouvir os gritos do amigo, que há tanto tempo se fora.
Mais uns degraus e estão lá em cima, a praia e o carro dali parecem minúsculos.

Estela pensa se não seria um bom momento para conversar com o companheiro, abrir seu coração e contar para ele o que a têm incomodado. Jorge por sua vez a abraça, sem nada falar…ele quer apenas o consolo da mulher amada. O tempo passa devagar e quando percebem a noite já caiu …o Farol da Enseada está envolto em brumas, como em um conto de terror…eles intuem que já passou da hora de descer dali.
O celular de Estela está sem bateria, agora contam apenas com o dele para descer a velha escada. Combinam de Jorge ir na frente com o lume, enquanto ela o segue, com todo cuidado.
-Mais um dia e não falei com ele, pensa ela…
-Porque logo agora essas lembranças tão tristes e antigas ? Inquire ele a si mesmo.


Então, do nada, uma figura tenebrosa surge da escuridão profunda, assustando a ambos e fazendo-os perder o equilíbrio. Uma fração de segundo. O celular voa, seguido de Estela e Jorge, que vão, como fantoches, batendo nas paredes do farol…rolando, batendo e caindo, até finalmente encontrarem o chão. Foi muito rápido, mas parece que a queda durou horas. Agora, olhando os dois espatifados ali, Jorge até sente um alívio íntimo, a culpa finalmente ficará para trás. Estela, por sua vez terá que esperar até se acostumar com a nova situação, para voltar a tentar falar com Jorge sobre a separação.
É, o farol e suas surpresas…por vezes irônicas. Com uma mesura, o faroleiro lhes dá as boas vindas, e lá fora, a areia movediça está acabando de engolir o carro e o acampamento…eles não deviam ter esperado a noite chegar…

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A Maldição do Farol… Não esperem a noite chegar ( parte dois)

  • Veja querida, que lindo aquele farol mais a frente!
  • Hã, hã… é, é lindo.
    Nestes últimos dias ela têm estado impaciente, mas Jorge não percebeu, esse tipo de sensibilidade não é o forte dele. Sempre se entenderam, desde o começo, mas o anos de convivência vão alterando a maneira de pensar, e no momento Estela já não tem tantos planos assim para o futuro…por isso a vontade de romper. Quem sabe desta forma ampliar o horizonte e empreender novas jornadas.
  • Que tal irmos lá dar uma espiada?
  • Hã? Aonde?
  • No farol, baby…
  • Sim, sim… podemos ir…
    É meio da tarde, e o sol dá um tom de verde lindo na água…O farol destaca- se no céu azul, dono de si, tomando conta de tudo ao redor, com sua aura de antigo mistério. Jorge já o está contornando em busca da entrada. Estela não tem muita certeza de que seja uma boa ideia. Ela nunca gostou de lugares escuros e apertados, mas darão lindas fotos lá de cima… Ele logo chega à porta, que se abre ao encostar, revelando o interior do prédio escuro. Ele entra, curioso, e chama a mulher, que o acompanha. Lá dentro nada de extraordinário, a passagem dos anos deixou marcas como em todo prédio antigo. O que chama mesmo a atenção deles é a escada, indo em direção ao céu negro…munidos da lanterna do celular eles se olham, cúmplices, e começam a subida. Engraçado como é frio aqui dentro, pensa consigo Jorge, e de imediato vêm a mente uma tarde , há muito tempo atrás, quando ele era muito jovem …
  • Jorge nasceu e cresceu no interior. No campo, os jovens são acostumados desde cedo a lidar na roça e alguns ensinados a atirar . É cultural, passa de pai pra filho o gosto por armas e a caçar por diversão. Ele amava especialmente o tiro e sentia uma profunda sensação de poder com a espingarda.

… continua

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A Maldição do Farol… Não esperem a noite chegar (parte um)

Ter uns dias de folga no interior é o sonho de muitas pessoas. O silêncio, a paz e todo encanto que vêm junto, fazem com que as férias sejam aguardadas com ansiedade. Não é diferente com Jorge e Estela, eles estão juntos há oito anos e todo mês de abril comemoraram o aniversário dela viajando para algum lugar de turismo ecológico. Nesse ano, o local escolhido fica às margens de uma plácida lagoa, onde a vida selvagem ainda prolifera. Esse tempo de solidão e introspecção é aguardado há tempos por eles.
Desta vez decidiram acampar os primeiros dias para viver intensamente o início do isolamento… depois de algumas horas de estrada, Jorge agora se ocupa em montar o acampamento, enquanto Estela aproveita para revisar a bagagem. O tempo parece firme, a noite será agradável. Mais tarde, com certeza a fogueira e a paisagem noturna darão as boas vindas aos dois, tudo como deve ser…
Durante a noite, Jorge acordou, e como não conseguiu voltar ao sono, foi dar uma olhada na praia. Ao longe, ele julgou ver algum movimento, mas logo descartou a atenção. Com certeza um animal noturno, o vento, ou um fantasma… Jorge ri da terceira alternativa, isso que é imaginação fértil.
O sol mal nasceu e Estela já havia preparado o café, não via a hora de dar uma caminhada e conhecer melhor o lugar. Jorge ainda dorme, dorme e sonha…com um lugar movimentado, com gente entrando e saindo, uma construção alta e branca, mas que ele não consegue definir onde é. Ele reconhece alguém, mas não sabe quem. Interessante que parece familiar, ou um lugar que precisa conhecer… alguém toca seu rosto, está frio…Ele senta assustado. É Estela, chamando-o para o café, ela quer sair logo, e ele é um dorminhoco. A manhã está gloriosa. Pássaros brancos em profusão dão rasantes por toda parte, as ondas na água limpa, fazem um ruído melódico e a luz refletida na lagoa se traduz em um show particular. Recostada na areia, Estela pensa em uma maneira de dizer para Jorge que não quer continuar com o relacionamento. Não, ela não têm outra pessoa, apenas quer seguir sozinha, mas não sabe como contar isso a ele. Durante esses dias, em algum momento, surgirá a oportunidade…

continua…

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Cientistas brasileiros em estado de choque após cortes orçamentários feitos por Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro aprovou um projeto de lei que canaliza dinheiro da ciência para outras áreas do governo, frustrando propostas de pesquisa e frustrando esperanças. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, mostrado aqui em uma cerimônia nacional, assinou recentemente um projeto de lei enviando dinheiro destinado à ciência para outros departamentos do governo. Crédito: Evaristo […]

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publicado originalmente em blog do pedlowski

A Maldição do Farol…Bem vindos ao lar ( final)

Os jovens acordaram sobressaltados com o sonho que tiveram, mas para não parecerem imaturos ou supersticiosos , não comentaram nada sobre isso um com o outro. Reuniram suas coisas e saíram para o novo dia. O carro parecia estar menos enterrado que na noite anterior, Nando sugeriu que cavassem em torno dos pneus para aliviarem o atrito com a areia. Começaram então a cavar cada qual de um lado. Ofegante pelo esforço, Beto não percebeu que Nando estava muito quieto, só se deu conta quando viu as mãos desesperadas do rapaz tentando agarrar o para choque do carro… Nando estava submergindo na poça de areia…areia movediça…


Ele então levantou horrorizado e com toda sua força tentou arrancar o namorado da lama mortal, mas na ânsia de salvá-lo, desequilibrou- se e caiu, na mesma areia movediça, na mesma maré negra, que eles sonharam e não quiseram compartilhar…nos últimos segundos de vida ainda se tocaram, levemente nos dedos, com tanto amor como tinham minutos antes, onde ainda brilhavam o céu e o sol em seus olhos…em segundo plano, o carro afunda…


O faroleiro agora desce e vêm ao encontro do casal, que não tinha planos de morar no Farol da Enseada, mas que agora vai fazer daqui sua nova casa…lar é onde estamos com quem amamos, não é mesmo?
A noite promete, chegaram novos hóspedes ao farol…

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A Maldição do Farol…Bem vindos ao lar ( parte três)

Beto para de olhos arregalados, puxando Nando pelo moletom.

  • Amor, não pode ser… não saímos da praia.
  • Talvez seja outro farol… só pode.
    Mas o carro continua ali, atolado ainda…e eles se olham estupefatos. Decidem então seguir para o lado oposto, talvez encontrem uma casa. Caminham uns quarenta minutos sem nada avistar, até que a luz da lanterna ilumina um carro, eles se apressam para falar com o motorista, mas chegando mais perto podem ver que é um jipe, atolado na areia…uns cem metros a frente ergue-se um farol… Beto cai de joelhos e começa a chorar…
  • Levanta amor, não, não faz assim…vai ficar tudo bem.
    Nando ajuda o namorado a levantar e dentro de si tenta achar uma explicação plausível para aquilo tudo, tenta, mas não há nenhuma. O vento e a chuva voltam a castigar, inclementes , e os rapazes resolvem passar a noite no farol, pelo menos estarão abrigados.
    Lá fora a tempestade avança, e dentro do edifício o clima é de tensão, preocupados em como irem embora na manhã seguinte, cada um vaga em pensamentos tentando achar uma solução, pelo menos a luz do dia ajudará a situarem -se melhor, tudo fica melhor quando amanhece.
  • Nando preparou uma fogueira, eles comeram e se recostaram nas mochilas, ouvindo o vento uivar na lagoa…o sono chegou para os dois, e no sonho de ambos, eles subiam as escadas em caracol, o faroleiro à frente, com um lampião de querosene, de uniforme antigo e com gestos autoritários, guiando os namorados através da escuridão, chegando ao topo, o homem mostra a eles o entorno do farol, apontando os pontos onde a areia é firme, e onde a maré negra devora tudo que a toca. Ele fala do respeito que devem ter a essa força da natureza, a areia movediça que só existe ali …o farol se alimenta da culpa e dos segredos, a areia suga pra si quem não acredita na força dela. Os rapazes se amam, é uma troca verdadeira, o farol respeita isto, mas a areia têm suas próprias leis e seu próprio julgamento …todo cuidado é pouco.

… continua

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A Maldição do Farol … Bem vindos ao lar (parte um)

Nada como um passeio a beira mar para espantar o tédio. Mas cuidado, algumas tardes amenas podem tomar rumos totalmente surpreendentes, e sinistros.
O casal enamorado havia decidido deixar o agito para trás e partir em busca de natureza selvagem e aventura. Um feriado prolongado foi a deixa para colocar o plano em prática. Nando e Beto estavam apaixonados e a praia de areias brancas e água doce pareceu o cenário ideal para o clima de romance. Decidiram não comentar a viagem com ninguém, e embarcaram empolgados no carro rumo a lagoa.
Tudo estava perfeito naquela sexta-feira a tarde, Nando havia recebido uma nova oportunidade na agência e estava muito, muito feliz, os dois tinham gostos parecidos e a companhia um do outro sempre era muito bem vinda. A estrada de terra e areia por vezes era de difícil acesso, mas o 4×4 dava conta do recado, deixando a aventura mais emocionante.
Depois de escolher bastante na internet, eles preferiram uma pousada que ficava há uns cinco quilômetros da praia, pois tinha mais espaço e infraestrutura…se bem que os planos, na verdade, era só dormir lá mesmo, eles queriam aproveitar muito a natureza. Só não optaram por barracas porque Beto tinha dificuldade para dormir, e talvez os barulhos noturnos o afetassem de alguma forma.
Chegaram ao vilarejo no início da noite, a Lua estava estupenda, e o jantar romântico fechou esse dia com chave de ouro. No sábado pela manhã, bem cedo, os rapazes colocaram as coisas no carro e foram se aventurar na orla da lagoa, ansiosos por conhecer melhor a região. A visão da lagoa calma e mansa era de encher os olhos e o coração, e eles deram as mãos, enlevados.
Pássaros em seu habitat, muito junco, aguapés…o céu limpo…o paraíso é aqui! Era exatamente isso que Nando estava pensando quando uma pessoa apareceu do nada, acenando.
-Bom dia!
-Bom dia, em que podemos ajudar? Perguntou Nando.

  • Vocês estão indo aonde?
  • Conhecer a região… porque a curiosidade?
  • Amigos, essa época do ano não é aconselhável se aventurar por aqui …
  • Sério?! Porquê? Vai atrapalhar sua pescaria? Perguntou Beto, irritado.
  • Quisera fosse isso, mas não, ninguém pesca durante a maré negra…
  • Maré negra, como assim?
  • Já ouviram falar em areia movediça? Questiona Pedro, nativo dali.
  • Claro, colega…mas na África, Amazônia… não aqui…
  • Devo alertar que é muito perigoso, que muitos nunca sequer foram encontrados, e os raros que voltaram, nunca mais foram os mesmos…disse Pedro, e se afastou.
  • Obrigado amigo, não esquenta, não! Grita Nando, enquanto Pedro se afasta.
  • Fiquem longe das bocas d’água… responde Pedro já longe…
    Os namorados deram muita risada disso, confiantes que estavam no seu amor, na juventude, e no jipe…

continua…

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A Maldição do Farol (final do capítulo)

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a temperatura amena e a paisagem deslumbrante davam a este dia pinceladas de paraíso. Claro, claro, não poderiam faltar as fotos que recheavam as redes sociais do casal. Aparentemente era uma relação perfeita, mas olhando de perto ninguém é normal, e Lionel por vezes se tornava arrogante e controlador.
Em dado momento Rita afasta-se um pouco mais para olhar o cânion, encantada com a paisagem que se abre a sua frente . Tudo é tão amplo, tão claro quanto o horizonte que a vida lhe proporciona neste momento. Havia garoado na noite anterior, e o chão estava escorregadio naquele local, Lionel mesmo vendo que a moça pisava em local arriscado não foi capaz de alertá-la…e em um milésimo de segundo , Rita se desequilibra , escorrega e fica a beira do precipício, mal conseguindo se segurar. Lionel se aproxima lentamente e demora demais para estender a mão…

Rita despenca de uma altura enorme e cai em um platô abaixo, totalmente alquebrada, mas viva, viva o bastante para pedir socorro a Lionel…que horrorizado ante a perspectiva da companheira ficar inválida ou coisa pior, simplesmente observa, enquanto ela agoniza. Mais tarde , ele aos prantos contará sua versão de que tentou, mas o celular não tinha sinal e que não havia jeito de salvá-la a tempo…

  • Olá querido, saudades?…diz Rita, com a mesma roupa que usava no dia do acidente, e toda deformada pela queda. Ele se encolhe, incrédulo de terror. Lá fora o vento uiva e a trovoada ressoa como que a comemorar mais uma vingança sendo feita no Farol da Enseada.
  • Amor, me perdoe, foi um acidente… você sabe, não fui eu…
  • Ah, com certeza querido, não foi você que me ajudou, você não ficaria com alguém que não pudesse se orgulhar nas fotos, não é mesmo?
  • Não, Rita, por favor… nãoooo!
    Lionel ainda têm tempo de olhar para baixo e ver o que o espera, uma singela queda de vinte metros de escada, bem menos do que a dor do desprezo que ela teve de suportar…

  • Em instantes ele está de pé, ao lado dele Rita, Mirtes, Matias, e tantos outros culpados ou vingativos que julgaram que seus segredos estavam muito bem guardados, e só não esperavam encontrar em seu caminho o Farol da Enseada… lá onde tudo vêm a tona ao sabor das marés da lagoa…ainda posso vê-los , estão entrando na água agora, a lua cheia encanta a todos, até os fantasmas…e a cada tempestade eles voltam…pode apostar!

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A Maldição do Farol ( quarta parte)

Lionel chegou ao topo do farol e uma sensação estranha o acompanhava, estava sendo observado, ele tinha certeza. Parecia loucura já que obviamente ninguém morava ali, e nenhum carro havia chegado, ele ouviria o barulho. A vista lá do alto, apesar da escuridão da noite era realmente bonita, com uma visão panorâmica magnífica. Ele tira fotos, talvez não fiquem exatamente perfeitas, mas o que não é registrado parece que não aconteceu… não é mesmo? Ele sabe bem disso, porque de tantas viagens, aventuras e passeios, raramente deixa de compartilhar com todos tudo que faz. A sensação de presença alheia permanece e começa a incomodá-lo, ele percebe que já está atrasado para seu compromisso. Começa a descer a escada…

De repente o chão some dos seus pés e ele se vê lançado no vácuo. Lentamente sua mente volta a ativa, talvez melhor não… Rita está parada a sua frente, com o mais cínico sorriso… mas não pode ser, ela não faz mais parte deste mundo, isto ficou para trás, enterrado para sempre…


Lionel e Rita se conheceram jovens e logo se envolveram, uma paixão avassaladora como tantas outras , muita festa, viagens, o gosto de ambos por aventura e trilhas tornou-os inseparáveis, tudo era motivo para comemorar mais um dia juntos. Mal podiam esperar a próxima viagem, e desta vez planejaram uma semana pelos cânions, seria muito especial para ambos. A pergunta que se faziam sempre em tom de manha : você me ama? Era respondida pelo outro com um “ás vezes” só pra provocar…e isso causava risadas aos dois.
Tudo pronto para o feriado, lançaram-se a estrada como de costume… pé na estrada.
O primeiro dia nos cânions foi grandioso, literal e figuradamente. Aquela amplitude e imensidão deixaram a ambos extasiados, e a noite repleta de estrelas foi um espetáculo único e inimaginável. O segundo dia prometia e já começou bem com um café da manhã maravilhoso na pousada, expectativa e risadas. Logo estavam no próximo penhasco, e põe ser meio de semana não havia mais turistas ali…

… continua

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