Covid: antivirais já usados pelo mundo ainda estão indisponíveis no Brasil

Por Fabiana Schiavon

Em paralelo à corrida das vacinas, a indústria farmacêutica trabalha para criar medicamentos antivirais eficazes contra a Covid-19. A ideia é que, em caso de infecção, essas fórmulas ajudem a barrar a replicação do vírus no organismo e, assim, impedir sua ação e as formas graves da doença. Já existem dois remédios dessa classe aprovados em diversos países e recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas que ainda estão na fila de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)Paxlovid, da Pfizer, e o molnupiravir, da Merck. Entenda melhor como funcionam e por que seria uma ótima contar com eles.

O Paxlovid

Ele é composto por duas drogas, o nirmatrelvir e o ritonavir, este segundo já utilizado contra o HIV e a hepatite C. O nirmatrelvir foi desenvolvido especificamente para combater o Sars-CoV-2. “Para que esse composto atingisse um nível adequado de concentração no sangue, foi adicionado o já conhecido ritonavir, que inibe a metabolização de medicamentos, ou seja, serve para modular a ação do primeiro”, explica Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp). [abril-whatsapp][/abril-whatsapp] Desde 2003, o nirmatrelvir já vinha sendo estudado para combater a epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave). “Ele se mostrou, em estudos in vitro, um potente inibidor de protease, uma enzima usada pelos coronavírus para se replicar”, explica Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil. Como as enzimas proteases dos vírus responsáveis pela Sars e Covid-19 são semelhantes, o laboratório começou novos testes já no início da pandemia e chegou à conclusão de que a droga poderia ser eficiente também contra o novo coronavírus, desde que utilizada em conjunto com substância moduladora. “Essa coadministração faz com que o medicamento permaneça ativo no corpo por períodos mais prolongados, ajudando a combater o vírus”, reforça Adriana. “Ou seja, o ritonavir não tem atividade antiviral contra o Sars-Cov-2, mas serve como potencializador da ação do nirmatrelvir”, completa.

Além da aprovação, o grande desafio é garantir que esses e outros tipos de medicamentos com eficácia já provada cheguem ao sistema público de saúde

Covid: antivirais já usados pelo mundo ainda estão indisponíveis no Brasil

publicado em Veja saúde

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