O estado americano do Alasca, que tem parte do seu território dentro do Círculo Polar Ártico, foi surpreendido nesta semana com temperaturas de 19.5ºC.
Segundo meteorologistas dos Estados Unidos, a marca jamais foi registrada durante o inverno, quando as temperaturas na região chegam a cair a até 50ºC negativos.
A onda de calor vem sendo classificada por climatologistas como “absurda” para esta época do ano, em que o frio costuma atingir seu auge. De acordo com estudiosos do clima, o episódio provavelmente está relacionado ao aquecimento global.
Na comunidade de Cold Bay, os termômetros marcaram oito dias de temperatura dos 10ºC, enquanto que o vilarejo de Unalaska registrou 13,3ºC no dia 25, o dia de Natal mais quente da história do Alasca.
Estado americano também é atingido por chuvas torrenciais
A julgar apenas pelas metas de curto prazo de corte de emissões apresentadas pelos países durante a COP26 (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, em Glasgow), o mundo deve enfrentar um aumento médio de 2,4° C na temperatura global até o final do século. Esse aquecimento está bem além daquele requerido para conter mudanças climáticas perigosas – e promete trazer impactos globais devastadores.
O cenário sombrio foi trazido por um novo relatório divulgado nesta terça (9), de autoria da organização Climate Action Tracker (CAT), a mais respeitada coalizão de análise climática do mundo. O trabalho mostra como as propostas concretas trazidas pelos países até o momento estão aquém do necessário para conter a crise climática.
O resultado faz contraste com uma pesquisa realizada pela Universidade de Melbourne, na semana passada. Ela mostrou que, pela primeira vez, as trajetórias de aquecimento global caíam para menos de 2° C em comparação aos níveis pré-industriais, com base nas promessas de cortes de emissões ao longo do século 21 apresentadas pelos países na COP26.
Trata-se de um dos dois “números mágicos”, em termos de objetivos, estipulados no Acordo de Paris. É consenso entre os climatologistas que a contenção até 1,5° C é o ideal, para evitar transformações irreversíveis. Cruzado esse limiar, os 2° C passam a ser a divisa a partir da qual podem-se esperar efeitos catastróficos em decorrência das mudanças do clima.
As ações de curto prazo apresentadas pelos países na COP26 não são suficientes para cumprir o Acordo de Paris. A conclusão do novo estudo contrasta com o que foi divulgado no início da Convenção da ONU.