
Por Diogo Sponchiato
O mar não só está para peixes como também para lulas, camarões, caranguejos e mexilhões. Esses moluscos e crustáceos vêm superando aquela pecha de comida inacessível ou restrita ao litoral e ganhando as mesas pelo mundo todo. Há um menu de motivos para isso. A começar pelo apelo como ingrediente, algo que pode ser explorado em qualquer cozinha — na sua casa, no quiosque da praia ou no restaurante mais sofisticado. Depois, os frutos do mar ostentam um belo valor nutricional: são fontes de proteínas, vitaminas e minerais. E, nas últimas décadas, cresceu a oferta (e também a demanda) pelo planeta. Segundo o relatório Estado Mundial da Pesca e Aquicultura de 2020, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a produção global de alimentos provenientes da aquicultura — que consiste na criação de peixes e frutos do mar em cativeiro — aumentou 527% em quase 30 anos. Sem dúvida, isso impulsionou o consumo, que se elevou 122% nesse mesmo período. Hoje, ainda de acordo com a FAO, a ingestão per capita mundial é de 20,5 quilos por ano. Embora a costa brasileira tenha cerca de 11 mil quilômetros de extensão, o consumo do que vem da água no país é a metade da média global. São 10 quilos por ano, pelas contas do Our World in Data.
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Porém, tudo indica que a pandemia tenha aquecido o setor. Os produtores relatam um aumento sensível na procura, sobretudo por parte do varejo. “Com os restaurantes fechados ou com restrições, as pessoas têm buscado preparar refeições mais gourmetizadas em casa. É nesse contexto que se encaixam os peixes e frutos do mar”, observa Roberto Imai, presidente do Sindicato das Indústrias de Pesca no Estado de São Paulo. Para atender esse público, as empresas do ramo apostaram ainda mais nas versões congeladas e tiveram que buscar novos canais de venda, como o e-commerce. “Muitas passaram a investir em porções menores, quase prontas para o preparo, além de embalagens mais atraentes para o público final”, conta Imai.
Nas ondas dos nutrientes
De maneira geral, a composição nutricional dos frutos do mar guarda semelhanças. “Além de serem boas fontes de proteína, são ricos em ferro, o que contribui para prevenir problemas como anemia, e em zinco, mineral que auxilia na manutenção dos hormônios e na regulação metabólica”, destaca a nutricionista Anita Sachs, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Também têm maior teor de ômega-3 em relação a outros alimentos de origem animal”, completa.
Boas fontes de nutrientes e donos de um sabor único, eles se popularizam esbanjando versatilidade na cozinha. Mas a cadeia produtiva é alvo de debates.
Maré alta para os frutos do mar
publicado em Veja saúde