Quando se fala em colágeno, é natural vir à cabeça aquela imagem de uma pele firme e lisinha. Ou, vá lá, a ideia de articulações conservadas. Mas o fato é que as fibras de colágeno aparecem e atuam numa porção de lugares no corpo humano, incluindo músculos, ossos e nervos. Isso mesmo: até no sistema nervoso periférico encontramos essas proteínas, como mostra a imagem ao lado. O colágeno é material básico do tecido conjuntivo, cujas malhas conectam e dão suporte às tramas do organismo. 25%das proteínas que compõem o corpo são representadas pelo colágeno — esse número pode chegar a 35%. 28 tipo de colágeno já foram identificados no corpo humano. O tipo 1 é a forma preponderante.
O colágeno é uma proteína produzida naturalmente pelo corpo humano a partir da alimentação. Aliás, 25% de toda a proteína presente em nosso organismo é representada por ele. Quando falamos na substância, logo pensamos na sua importância para a beleza da pele, já que ela ajuda a formar e renovar fibras de sustentação da cútis. Mas as funções vão além e incluem manter a saúde de músculos, tendões, articulações e até das artérias.
Com a idade, mais ou menos depois dos 30 anos, o nosso corpo vai perdendo a capacidade de fabricar essa molécula com a mesma destreza. É nesse momento, e principalmente de olho em sua atuação na parte estética, que os suplementos de colágeno começam a seduzir o consumidor.
Mas não basta sair comprando um potinho de pílula ou gomas na farmácia. O tema é complexo.
Para começar, o colágeno é uma molécula muito grande. Para ser absorvida, ela precisa passar pela hidrólise, que é basicamente uma “quebra”. Dessa maneira, é transformada em partes menores, os aminoácidos – sobretudo lisina e prolina.
Daí porque é tão comum encontrar suplementos de colágeno hidrolisado – significa que já passaram por essa mudança.
Há, ainda, os peptídeos de colágeno bioativos: nesse caso, essas “quebras” são feitas com a intenção de chegar a aminoácidos específicos, que trabalhem diretamente no órgão alvo, como pele, músculos, articulações, etc.
Segundo alguns especialistas, esses processos não bastam para assegurar o total aproveitamento do colágeno, independentemente do objetivo.
“Além de passar pela hidrólise, a lisina e prolina dependem de alguns micronutrientes para serem captadas e surtirem efeito”, defende Juliano Burckhardt, médico cardiologista, geriatra e nutrólogo, membro titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
A vitamina C é o principal deles. Mas os minerais zinco, ferro e selênio também auxiliam na missão, segundo o médico.
Só que tem mais um detalhe: Burckhardt conta que não adianta estar com os micronutrientes em dia se houver um monte de açúcar na circulação. Isso valeria inclusive para a versão encontrada nas frutas.
“O excesso de frutose quebra a função da lisina. Então, se houver exagero no consumo de alimentos como laranja e acerola com a intenção de aumentar os níveis de vitamina C, por exemplo, a conta não vai bater”, avalia o geriatra.
Estudos apontam que o uso do suplemento só faz sentido quando estiver aliado a uma rotina saudável e ministrado sob supervisão médica