Abril Azul: a alimentação pode ajudar no tratamento do autismo?

Por Fabiana Schiavon

Pessoas que fazem parte do transtorno do espectro autista (TEA) têm, entre suas características, repetir padrões e ter interesses bastante específicos. Esse comportamento pode ser levado à mesa por algumas crianças, o que é chamado de seletividade alimentar. Essa escolha limitada pode levar a deficiências nutricionais. “Como há crianças autistas que vão se interessar muito por um único assunto, sabendo tudo sobre navios de guerra ou sobre metrô, há quem prefira apenas um único alimento. Já tive um paciente que só comia brócolis”, relata Erasmo Barbante Casella, neurologista da infância e adolescência do Hospital Israelita Albert Einstein. Algumas só gostam de purês, outras não aceitam a densidade da carne ou decidem que só comem o que for de uma cor específica. Tudo isso pode ser resposta a uma hipersensibilidade, tanto para paladar, quando para sons, cheiros e texturas, deixando a alimentação monótona, relata Patrícia Consorte, pediatra especialista em nutrição materno-infantil, de São Paulo. “Com o passar dos anos, se não houver uma intervenção correta, isso irá contribuir para o déficit proteico, de vitaminas e minerais que podemos encontrar nesses pacientes, além de ser um dos motivos de maior angústia dos pais”, completa a pediatra. Como há uma diversidade grande de manifestações clínicas dentro do espectro, há outros fatores que podem interferir na boa alimentação. Entre eles, o atraso no desenvolvimento motor oral, que impactam na fala e no processo de mastigação. Claro, não é toda criança autista que terá problemas desse tipo, mas eles são mais esperados nesse cenário. Um estudo realizado pela University of Massachusetts Medical School, de 2010, já estimava que 41% dos pequenos com TEA apresentam mais recusa alimentar do que os com desenvolvimento típico, 18%. Já uma revisão publicada no Journal of Autism and Developmental Disorders no ano passado aponta que a seletividade na alimentação é algo comum na infância, mas essa prevalência aumenta entre 51% a 89% na população que convive com o TEA.

No mês da conscientização do transtorno do espectro autista (TEA), entenda por que a alimentação pode ser um desafio para essas crianças

Abril Azul: a alimentação pode ajudar no tratamento do autismo?

publicado em Veja saúde

Treinamento de atenção para as crianças com autismo

Prestar atenção é algo trivial para a maioria das pessoas, mas isso envolve um processo cognitivo complexo que muitas vezes é comprometido entre quem tem transtorno do espectro autista.

Para minimizar as dificuldades, um estudo da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, atesta que exercitar o foco das crianças com a condição traz ganhos em leituraescritaaprendizado das palavras e atenção no geral.

Na pesquisa, metade dos pequenos passou pelo CPAT, sigla em inglês para treinamento computadorizado progressivo da atenção, baseado em jogos que recrutam essa habilidade; o restante ficou só com jogos normais de computador. Conclusão: o grupo do CPAT teve melhora em todos os índices avaliados.

“É bárbaro poder utilizar games para a criança interagir com o ambiente e superar dificuldades como essas”, comenta a neuropsicóloga Carla Guth, de São Paulo.

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As características do espectro autista

Desatenção e dificuldade para se comunicar e socializar estão entre elas

Olhar disperso
Evitar o contato olho no olho e manter uma expressão mais evasiva são comportamentos comuns nessas crianças, o que repercute na vida familiar e social.

Pouca interação
O pequeno não atende pelo nome e sofre para iniciar ou responder as interações. Dependendo do grau de autismo, tem aversão a muitos estímulos externos.

Isolamento
Há menos interesse por atividades coletivas e uma preferência clara por ações repetitivas e mais individuais, que fazem sentido dentro do seu próprio universo.

Atenção seletiva
A criança fica prolongadamente concentrada numa mesma atividade, que pode até ser agitada. É diferente, portanto, de um quadro de TDAH.

Emoções turvas
Há uma dificuldade de expressar emoções e desejos específicos. Mas, com a terapia adequada, os autistas podem melhorar nesse e nos demais aspectos.

Trabalhar o foco desses pequenos, inclusive com ferramentas tecnológicas, melhora vida escolar

Treinamento de atenção para as crianças com autismo

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Terapia voltada a bebês reduz chance de diagnóstico de autismo, sugere estudo

Um novo estudo mostrou, pela primeira vez, que uma intervenção preventiva para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) pode reduzir comportamentos relacionados ao transtorno e a probabilidade de crianças serem diagnosticadas com TEA antes de atingirem a idade escolar.

A equipe internacional de cientistas realizou um tratamento especial com bebês que apresentavam sinais precoces de autismo em seu primeiro ano de vida (quando o transtorno ainda era apenas uma suspeita). O tratamento consistiu em sessões de terapia específicas acompanhadas pelos cuidados de rotina normalmente oferecidos a crianças com TEA.

autismo é um espectro, ou seja, se manifesta de várias formas e em vários graus de intensidade. Quem tem TEA apresenta algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação ou na linguagem. Estima-se que existam cerca de dois milhões de indivíduos com TEA no Brasil. O autismo não tem cura, e a intervenção durante a primeira infância é importante para promover o desenvolvimento e bem-estar das pessoas com o transtorno. 

Tratamento pode reduzir sintomas do Transtorno do Espectro do Autismo em crianças. Estudos futuros poderão indicar se o tratamento atrasa o diagnóstico ou impede o desenvolvimento do transtorno.

Terapia voltada a bebês reduz chance de diagnóstico de autismo, sugere estudo

publicado originalmente em superinteressante