
Por Bruno Garattoni
O útero é o lugar mais seguro do mundo. O bebê recebe tudo o que precisa, e fica completamente protegido: a placenta impede a passagem de micróbios. Mas essa limpeza absoluta, que é vital para o bom desenvolvimento do feto, termina no nascimento.
Quando a criança nasce de parto normal, ela recebe um batismo da natureza: ao passar pelo canal vaginal da mãe, é colonizada por diversas espécies de bactéria, que irão formar a sua primeira microbiota, o conjunto de microorganismos que vivem no corpo humano.
Eles são incrivelmente numerosos: um adulto carrega em média 39 trilhões de bactérias (1), e elas vivem em harmonia com os 30 trilhões de células do organismo. Em números, você é mais microbiano do que humano.
São mais de 300 espécies de bactéria, a maioria vivendo no sistema digestivo. E ele tem sua própria rede de neurônios: 500 milhões, distribuídos ao longo de uma faixa que começa no esôfago, percorre todo o intestino e termina no reto. O intestino também produz mais de 30 neurotransmissores, incluindo 50% de toda a dopamina e 90% da serotonina do organismo.

O sistema digestivo tem mais de 500 milhões de neurônios, e produz neurotransmissores – incluindo 50% da dopamina e 90% da serotonina do organismo.
Esse conjunto de neurônios e neurotransmissores forma o “sistema nervoso entérico”, que existe em todos os animais vertebrados e tem uma função primordial: controla o processamento da comida, extraindo energia dos alimentos e expulsando eventuais toxinas.
Os micróbios do intestino afetam o sistema nervoso, e podem influenciar o estado mental. Agora, a indústria está começando a transformar essas bactérias em medicamentos. Conheça-os – e veja o que aconteceu quando nosso editor passou 30 dias tomando um deles.
Psicobióticos: os remédios feitos de bactérias que prometem tratar ansiedade e depressão
publicado em superinteressante