Conflito na Ucrânia coloca agronegócio brasileiro em uma encruzilhada espinhosa

A ação militar da Rússia está causando uma inquietação incomum nas lideranças do agronegócio brasileiro, especialmente naqueles setores que pensam estrategicamente ação do latifúndio agro-exportador. Ainda que as primeiras sinalizações sejam em torno do encarecimento do preço de fertilizantes, essas lideranças devem saber que existem coisas ainda mais graves fermentando enquanto as bombas caem em […]

Conflito na Ucrânia coloca agronegócio brasileiro em uma encruzilhada espinhosa

publicado em blog do pedlowski

As estações de metrô de Kiev foram feitas para aguentar ataques militares

Por Rafael Battaglia

Em abril de 2021, quando as tensões na fronteira do leste da Ucrânia com a Rússia já se intensificavam, o governo de Kiev, capital do país, divulgou um mapa com quase 3 mil lugares que poderiam servir como abrigos antibomba, para o caso de um ataque. Das 52 estações de metrô da cidade, 47 estavam na lista.

Desde a última quinta (24), quando o exército russo começou a bombardear dezenas de cidades ucranianas, milhares de pessoas buscaram abrigo em estações de metrô. Além de Kiev, Kryvyi Rih, Dnipro e Kharkiv possuem sistemas metroviárias. Kharkiv, segunda maior cidade do país, com 1 milhão de habitantes (Kiev tem 2,9 milhões), teve um prédio do governo atingido por um míssil cruzeiro nesta terça-feira (1). Ao menos dez pessoas morreram e 35 ficaram feridas.

O metrô ucraniano é profundo. Em Dnipro, todas as seis estações estão a 70 metros debaixo da terra. Em Kiev, a estação Arsenalna, próxima ao centro da cidade e do rio Dniepre, é a mais profunda do mundo, com 105,5 m de profundidade.

Em comparação, as estações Pinheiros e Paulista da Linha Amarela do metrô de São Paulo têm 30 m e 40 m de profundidade, respectivamente. Nem a futura estação Higienópolis-Mackenzie da Linha Laranja, que será a mais profunda da América Latina, com 69 m, chegará perto.

Não é por acaso. O regime soviético construiu 770 estações em 19 cidades espalhadas pelo bloco comunista, e quase todas compartilham as mesmas características. São profundas e equipadas com exaustores e medidores de radiação (se uma guerra nuclear começasse, elas serviriam de abrigo). São também suntuosas e com uma arquitetura imponente – não ficam devendo para nenhum museu ou hotel de luxo. Vamos entender por quê.

Usadas como refúgio ante aos ataques russos, elas são profundas e suntuosas – assim como quase todas as estações construídas durante o regime soviético. Entenda.

As estações de metrô de Kiev foram feitas para aguentar ataques militares

publicado em superinteressante

4 mapas que ajudam a entender o que está acontecendo na Ucrânia

Por Rafael Battaglia

Na madrugada desta quinta-feira (24), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou em um discurso de TV que daria início a uma operação militar na Ucrânia. Nas horas seguintes, foram registradas explosões não só nas áreas separatistas, mas também na capital do país, Kiev, e na segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv.

Comboios russos invadiram a Ucrânia de todas as direções. Um deles entrou via Belarus (aliada da Rússia) ao norte; outro veio pelo sul, via Crimeia (península ucraniana anexada pela Rússia em 2014). O aeroporto de Kiev foi bombardeado e, logo depois, o governou fechou o espaço aéreo do país para voos civis:

Voos civis foram impedidos de passar pelo espaço aéreo ucraniano. Na imagem, “KBP” é a sigla do Aeroporto Internacional de Kiev.

Com os ataques, o pânico tomou conta do país. Enquanto há congestionamento para fugir de Kiev, outras pessoas buscam abrigo em estações de metrô. Há longas filas também em supermercados, postos de gasolina e bancos, para o saque de dinheiro em espécie.

A Ucrânia é um país de 44 milhões de habitantes não muito maior que Minas Gerais. Fértil, é um dos maiores exportadores de grãos do mundo (é o 3º de trigo; de milho, o 4°). A quarta maior colônia de ucranianos e descendentes vive aqui no Brasil (são 600 mil pessoas; a maioria no Paraná).

Mas, afinal: o que explica o conflito separatista que se estende por lá há oito anos – e que já matou 14 mil pessoas? Quais os  motivos por trás da intervenção da Rússia, que apoia rebeldes separatistas, deslocou 150 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia e iniciou a invasão ao país?

Os mapas a seguir fornecem informações para compreender melhor toda essa situação. Há detalhes na formação de ambos os países, da língua às alianças militares, que ajudam a entender a conturbada relação entre eles. Confira:

Mil anos de história

Rússia e Ucrânia compartilham o mesmo berço: Kievan Rus, o primeiro estado eslavo. “Rus” (que depois seria usado para batizar “Rússia” e “Belarus”, outra nação descendente daí) era o nome do povo, essencialmente formado por comerciantes que saíram do Mar Báltico, na Escandinávia, atravessaram as florestas da Europa Oriental e se fixaram nas terras férteis da atual Ucrânia. Kiev, capital do estado, foi estabelecida no século 9.

Em 988, o grão-príncipe de Kiev, Vladimir I, escolheu o cristianismo ortodoxo como a religião oficial do estado e foi batizado na cidade de Quersoneso, na península da Crimeia.

O ato de Vladimir é considerado até hoje como um marco religioso tanto pela Ucrânia quanto pela Rússia, onde 67% e 71% da população, respectivamente, é cristã ortodoxa ( Putin já mencionou o batismo do príncipe para defender que “russos e ucranianos são um único povo”).

Nos séculos seguintes, Kievan Rus foi alvo de sucessivas invasões: mongóis (séc. 13), poloneses e lituanos (séc. 16) e russos (séc. 17). Em 1793, o Império Russo conseguiu anexar a parte ocidental da Ucrânia. Foi quando começou o processo de russificação, uma política que proibiu o idioma ucraniano e forçava as pessoas a se converter para a fé ortodoxa russa.

O país sofre com conflitos separatistas desde 2014 e, nesta quinta-feira (24), foi invadido pela Rússia. Entenda as raízes desse conflito. Continua no link abaixo:

4 mapas que ajudam a entender o que está acontecendo na Ucrânia

publicado originalmente em superinteressante

Guerra Fria, islã e heroína: entenda os 40 anos de guerra no Afeganistão

Em 1946, o rei afegão Mohammed Zahir Shah – um monarca carismático e progressista, na época com 32 anos de idade – convidou a empresa de engenharia americana Morrison-Knudsen para instalar uma rede de barragens, usinas hidrelétricas e canais de irrigação ao longo do Rio Helmand. Suas margens são um oásis fértil em meio ao deserto que cobre o sul do Afeganistão, e modernizar a agricultura por lá traria prosperidade para uma província árida. 

Os americanos se empolgaram: no comecinho da Guerra Fria, essa era uma boa chance de tirar um território no centro da Ásia da esfera de influência soviética – e torná-lo um aliado. Ao norte, o Afeganistão fazia fronteira com uma região remota da URSS. A leste, uma tripa estreita de território afegão montanhoso acaba em 76 km de fronteira com a China, onde o Partido Comunista disputava a guerra civil que colocaria Mao Tsé-Tung no poder. As montanhas afegãs eram uma poltrona VIP para a Casa Branca espiar seus adversários. 

Britânicos, soviéticos, americanos. O povo afegão foi vítima e algoz de todos os impérios que bateram à sua porta. Como um país islâmico rural e miserável, castigado por décadas de manipulação das superpotências, se tornou terreno fértil para a ideologia medieval do Talibã…

Guerra Fria, islã e heroína: entenda os 40 anos de guerra no Afeganistão

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