Não me iludo Tudo permanecerá do jeito que tem sido Transcorrendo, transformando Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar, Corcovados Fustigados pela chuva e pelo eterno vento Água mole, pedra dura Tanto bate que não restará nem pensamento
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Transformai as velhas formas do viver Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Pensamento Mesmo o fundamento singular do ser humano De um momento para o outro Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas, pais corujas Vejam como as águas de repente ficam sujas Não se iludam, não me iludo Tudo agora mesmo pode estar por um segundo
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Transformai as velhas formas do viver Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice, pai Afasta de mim esse cálice, pai Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta
Pai (Pai) Afasta de mim esse cálice (Pai) Afasta de mim esse cálice (Pai) Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada pra a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa
Pai (Pai) Afasta de mim esse cálice (Pai) Afasta de mim esse cálice (Pai) Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice) De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta (Cálice) Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito, resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade
Pai (Pai) Afasta de mim esse cálice (Pai) Afasta de mim esse cálice (Pai) Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cálice) Nem seja a vida um fato consumado (Cálice) Quero inventar o meu próprio pecado (Cálice) Quero morrer do meu próprio veneno (Pai, cálice)
Quero perder de vez tua cabeça (Cálice) Minha cabeça perder teu juízo (Cálice) Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cálice) Me embriagar até que alguém me esqueça (Cálice)
Subo neste palco, minha alma cheira a talco Como bumbum de bebê, de bebê Minha aura clara só quem é clarividente pode ver, pode ver.
Trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda saberá lhe dar valor, dar valor Vale quanto pesa pra quem preza o louco bumbum do tambor, do tambor
Fogo eterno pra afugentar O inferno pra outro lugar Fogo eterno pra constituir O inferno Fora daqui, fora daqui Fora daqui, fora daqui
Venho para a festa, sei que muitos têm na testa O deus-sol como sinal, o sinal Eu como devoto trago um cesto de alegrias de quintal, de quintal Há também um cântaro, quem manda é deusa-música pedindo pra deixar, pra deixar
Derramar o bálsamo, fazer o canto cantar, o cantar, o cantar Fogo eterno pra afugentar O inferno pra outro lugar Fogo eterno pra constituir O inferno
Fora daqui, fora daqui Fora daqui, fora daqui
Subo neste palco, minha alma cheira a talco Como bumbum de bebê, de bebê Trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda saberá lhe dar valor, dar valor
Quando eu me encontrava preso na cela de uma cadeia Foi que eu vi pela primeira vez as tais fotografias Em que apareces inteira, porém lá não estavas nua E sim coberta de nuvens
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
Ninguém supõe a morena dentro da estrela azulada Na vertigem do cinema, mando um abraço pra ti Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta E fosses a Paraíba
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
Eu estou apaixonado por uma menina terra Signo de elemento terra, do mar se diz: terra à vista Terra para o pé, firmeza, terra para a mão, carícia Outros astros lhe são guia
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
Eu sou um leão de fogo, sem ti, me consumiria A mim mesmo eternamente e de nada valeria Acontecer de eu ser gente, e gente é outra alegria Diferente das estrelas
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
De onde nem tempo e nem espaço, que a força mande coragem Pra gente te dar carinho durante toda a viagem Que realizas no nada, através do qual carregas O nome da tua carne
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
Nas sacadas dos sobrados, das cenas do salvador Há lembranças de donzelas do tempo do imperador Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem A Bahia tem um jeito
Terra Terra
Por mais distante o errante navegante Quem jamais te esqueceria
Não me iludo Tudo permanecerá do jeito que tem sido Transcorrendo, transformando Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar, Corcovados Fustigados pela chuva e pelo eterno vento Água mole, pedra dura Tanto bate que não restará nem pensamento
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Transformai as velhas formas do viver Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Pensamento Mesmo o fundamento singular do ser humano De um momento para o outro Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas, pais corujas Vejam como as águas de repente ficam sujas Não se iludam, não me iludo Tudo agora mesmo pode estar por um segundo
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Transformai as velhas formas do viver Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Gilberto Gil é o mais novo imortal do país: o artista foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta quinta (11). Aos 79 anos, o cantor e compositor passa a ocupar a cadeira número 20, que era do jornalista e advogado Murilo Melo Filho, e tem como patrono o jornalista Joaquim Manuel de Macedo. Concorriam também o poeta Salgado Maranhão e o escritor Ricardo Daunt.
Gil recebeu 21 votos, e Maranhão, sete. Em suas redes sociais, o artista comemorou a conquista: “Muito feliz em ser eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Obrigado a todos pela torcida e obrigado aos agora colegas de Academia pela escolha”, escreveu.
Com isso, ele se torna o segundo membro negro da instituição na atualidade — o outro é o escritor Domício Proença Filho, eleito em 2006 e hoje presidente da ABL. A escolha de Gilberto Gil acontece uma semana depois da eleição da atriz Fernanda Montenegro para integrar a instituição.
Além de ser um dos maiores nomes da música popular brasileira, Gilberto lançou em 1996 o livro Todas as Letras, sua primeira obra, pré-requisito para concorrer a uma vaga na casa. O artista já vinha sendo sondado há tempos pela ABL, e sempre rejeitou os convites. Recentemente, sua mulher, Flora Gil, pediu que ele reconsiderasse. Foi convidado a disputar a cadeira que pertenceu a Alfredo Bosi, morto em abril deste ano, aos 84 anos. Como era amigo professor e crítico literário, preferiu tentar outra vaga.
Aos 79 anos, cantor e compositor chega à instituição uma semana depois de Fernanda Montenegro. Artista já vinha sendo sondado há tempos
No woman, no cry No woman, no cry No woman, no cry No woman, no cry
Bem que eu me lembro Da gente sentado ali Na grama do aterro, sob o sol Ob-observando hipócritas Disfarçados, rondando ao redor
Amigos presos Amigos sumindo assim Pra nunca mais Tais recordações Retratos do mal em si Melhor é deixar pra trás
Não, não chore mais Não, não chore mais oh oh Não, não chore mais oh oh oh oh oh Não, não chore mais hê hê
Bem que eu me lembro Da gente sentava ali Na grama do aterro, sob o céu Ob-observando estrelas Junto à fogueirinha de papel
Quentar o frio Requentar o pão E comer com você Os pés, de manhã, pisar o chão Eu sei a barra de viver
Mas, se Deus quiser Tudo, tudo, tudo vai dar pé Tudo, tudo, tudo vai dar pé Tudo, tudo, tudo vai dar pé Tudo, tudo, tudo vai dar pé Tudo, tudo, tudo vai dar pé Tudo, tudo, tudo vai dar pé
No woman, no cry No woman, no cry No woman, no cry uh uh uh
Não, não chore mais Menina não chore assim Não, não chore mais
oh oh oh No woman, no cry No woman, no cry (No woman, no cry) Não, não chore mais Não chore assim Não, não chore mais hê hê No woman, no cry
[Nando Reis] Maior floresta tropical da terra A toda hora sofre um duro golpe Contra trator, corrente, motosserra A bela flora clama em vão: Me poupe!
[Diogo Nogueira] Porém, tem uma gente surda e cega Para a beleza e o valor da mata Embora o mundo grite que já chega Pois é a vida que desmate mata
[Anavitória] Mais vasta ainda todavia é a devastação e o trauma Focos de fogo nos sufocam fauna, flora e até a alma
[IZA e Gal Costa] Amazônia! Razão de tanta insânia e tanta insônia Amazônia! Objeto de omissão e ação errônea Amazônia! É sem igual, sem plano B, nem clone Amazônia!
[Criolo] Desmonte pra desmate e desvario Liberam a floresta no Brasil Pro agrobiz e pra mineração Pra hidrelétrica, pra exploração
[Xande dos Pilares] Recompensando o crime ambiental Desregulando o clima mundial Negam ciência, incêndio e derrubada Negando, vão passando a boiada
[Arnaldo Antunes] Que ignorância, repugnância A cada lance, a cada vídeo Que grande bioecoetnogenomatrisuicídio!
[Flor Gil e Djuena Tikuna] Amazônia! Abaixo o desgoverno que abandone a Amazônia! Não mais a soja, o pasto que seccione Amazônia! Não mais a carne, o prato que pressione a Amazônia!
[Gilberto Gil] Dos povos da floresta sob pressão O indígena, seu grande guardião Em comunhão com ela há milênios Nos últimos e trágicos decênios
[Milton Nascimento] Vem vendo a mata sendo ameaçada E cada terra deles atacada Por levas de peões de poderosos Com planos de riquezas horrorosos
[Rincon Sapiência] É invasão, destruição Ódio a quem são seus empecilhos Eles não ligam pro amanhã Nem pro planeta dos próprios filhos
[Gaby Amarantos e Duda Beat] Amazônia! Abaixo o madeireiro que detone a Amazônia! Abaixo o garimpeiro que infeccione a Amazônia! Abaixo o grileiro que fraciona Amazônia!
[Samuel Rosa] Mais valiosa que qualquer minério Tragada pela mata que transpira A água que evapora, sobe e vira De veio subterrâneo a rio aéreo
[Real] Mais volumosos do que o Amazonas Os rios voadores distribuem Seus límpidos vapores que afluem Ao centro-sul, chegando noutras zonas
[Péricles] Então como é que na floresta mais chuvosa o fogo avança E ardendo em chamar nela queima de futuro uma esperança?
[Camila Pitanga e Daniela Mercury] Amazônia! Não mais um mandatário que intencione a Amazônia! Nem mais um empresário que ambicione a Amazônia! Pra mais um ciclo de nação-colônia Amazônia!
[Thaline Karajá] Visão monumental, que maravilha Obra da natureza que exubera De cores, seres, cheiros, som, de vida Tão pródiga, tão pura, tão diversa
[Vitão] A fábrica de chuva mais prolixa A maquina do mundo mais complexa O doceanoverdeparaíso O coração pulsante do planeta
[Maria Bethânia] Quinze mil árvores, contudo Agora estão indo pro chão Quinze mil vidas derrubadas Só durante o tempo desta canção!
[Agnes Nunes e Céu] Amazônia! Quem nem desmatamento desmorone a Amazônia! E nem desmandamento deixe insone a Amazônia! E nem o aquecimento desfuncione a Amazônia!
[Bacu Exu do Blues] O que o índio viu, previu, falou Também o cientista comprovou Desmate aumenta, o clima seco aquece A mata, o céu e a Terra, que estarrece
[Chico César] Esse é o recado deles, lá no fundo Salve-se a selva ou não se salva o mundo Pra não torná-los um inferno, um forno Salve a amazônia do ponto sem retorno
[Majur] Será que ainda está em tempo Ou o timing disso já perdemos? Pois, evitemos, pelo menos Os eventos mais extremos
[Caetano Veloso e Preta Gil] Amazônia! Quando afinal o homem dimensione a Amazônia! Que venha a ter valido a nossa insônia Amazônia! Enquanto nos encante e emocione Amazônia!
[Todos] Salve a amazônia! Salve-se a selva ou não se salva o mundo Salve a amazônia! Salve-se a selva ou não se salva o mundo Salve a amazônia! Salve-se a selva ou não se salva o mundo
Salve a amazônia! Salve-se a selva ou não se salva o mundo Salve a amazônia! Salve-se a selva ou não se salva o mundo Salve a amazônia! Salve-se a selva ou não se salva o mundo Salve a amazônia! Salve-se a selva ou não se salva o mundo
Salve a amazônia! Salve a amazônia! Salve a amazônia!