Primeiros continentes surgiram 700 milhões de anos antes do que se pensava

As praias não surgiram em um passe de mágica. A areia em que você faz sua caminhada é um conjunto de partículas de rocha, que sofreram erosão por conta dos ventos e chuvas. Os cursos d’água carregaram esse material até a costa, formando o imenso corredor bege em que tomamos Sol. Essa é uma operação que já dura bilhões de anos, e que pode ajudar os cientistas a entender detalhes sobre a origem dos continentes. Basta procurar pelos primeiros depósitos de areia para compreender detalhes sobre o passado. 

Foi o que fizeram os pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália. Eles analisaram antigas formações de arenito – rocha sedimentar resultante da deposição de areias – encontradas em Singhbhum, no leste da Índia. Os cientistas fizeram a datação de grãos microscópicos de um mineral chamado zircão, que fica dentro do arenito. A partir daí, concluíram que o material teria se aglomerado entre 3,3 e 3,2 bilhões de anos atrás.

O período não remete apenas ao surgimento de uma das primeiras praias, mas também ao aparecimento dos primeiros continentes, refutando pesquisas anteriores que apontavam a emersão das massas terrestres para 2,5 bilhões de anos atrás. O estudo completo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Mas qual é a origem dessas massas de terra continentais? Na base da crosta terrestre existem rochas que, ao derreterem, formavam grandes continentes de granito (rocha magmática). Mas eles não emergiram de uma hora para outra: há indícios de que essa camada de granito foi ficando cada vez mais espessa e, à medida em que isso acontecia, ela se tornava mais suscetível a flutuar. Quando este cráton atingiu cerca de 50 quilômetros de espessura, tornou-se capaz de subir à superfície.

Massas terrestres teriam emergido do oceano há cerca de 3,2 bilhões de anos – a descoberta pode explicar o aumento de oxigênio na atmosfera e a formação de geleiras durante o período.

Primeiros continentes surgiram 700 milhões de anos antes do que se pensava

publicado originalmente em superinteressante