
Por Diogo Sponchiato
Tracoma, oncocercose, filariose, leishmaniose… Esses nomes podem parecer grego ou remeter a moléstias de um passado muito distante. No entanto, são exemplos de doenças tropicais negligenciadas (DTNs), um martírio de saúde pública que continua castigando 1,7 bilhão de pessoas pelo planeta, 10 milhões delas só no Brasil. As DTNs, cuja lista de males ainda inclui de verminoses intestinais a doença de Chagas, são mais frequentes em regiões sem acesso a boas condições de moradia, higiene e saúde. Se deixam de ser detectadas e tratadas a tempo, costumam gerar sequelas significativas, quando não encurtam a própria expectativa de vida. Em comum, essas enfermidades são provocadas por algum tipo de micróbio ou parasita. Um pequeno glossário ajuda a entender e visualizar as ameaças:
- Tracoma: infecção bacteriana que pode levar à cegueira;
- Oncocercose: causada por um verme transmitido por mosquitos, compromete os olhos e a pele;
- Filariose: também conhecida como elefantíase, vem de um um verme disseminado por mosquitos e desata inchaços e deformações nos membros;
- Leishmaniose: é fruto de um protozoário que pega carona em mosquitos e está por trás de lesões na pele e em outros órgãos;
- Chagas: obra de um protozoário transmitido pelo inseto barbeiro e pela contaminação de alimentos como açaí, afeta marcadamente o coração;
+ Leia também: Os desafios para vencer a Doença de Chagas Todas essas moléstias, e outras mais, são o alvo de um pacto ambicioso firmado pela União de Combate às DTNs e renovado, com a assinatura de líderes globais, pela Declaração de Kigali (Ruanda). A meta é botar um ponto final nessas doenças até 2030. De acordo com Thoko Elphick-Pooley, diretora da entidade, há duas estratégias principais em curso: oferecer acesso a tratamento às vítimas e eliminar os fatores que limitam ou impedem a prevenção, como falta de água potável e saneamento básico. Trata-se de uma empreitada que demanda recursos e o envolvimento ativo dos governos de cada país, de parceiros do setor privado e de filantropos. Da Inglaterra, onde está baseada hoje, Thoko explica na entrevista abaixo a dimensão dos desafios e o que precisa ser levado em consideração para cumprir os objetivos da Declaração de Kigali.

Thoko Elphick-Pooley, diretora da União de Combate às DTNs.
Plano global prevê eliminar enfermidades causadas por parasitas e mais comuns em regiões vulneráveis até 2030. Conversamos com uma das líderes dessa missão
Um novo pacto para acabar com as doenças tropicais negligenciadas