Não lembro quando aprendi a ler (foi muito cedo, com certeza) procurava pela casa livros,gibis e revistas feito uma ratinha.
Culpa do meu pai… que ao invés de me presentear com bonecas , muitas e muitas vezes deu-me livros…
Meu pai está do outro lado já fazem quase 10 anos, e mesmo no hospital, em seus últimos dias, ele jamais abandonou os livros, praticamente se foi com um nas mãos.
Minha homenagem e carinho à todos os Pais, que como o “Seu Miro” , mais que provedores ou responsáveis, fazem do caminho de seus filhos uma oportunidade de crescimento e de busca pelo conhecimento.
Não lembro quando aprendi a ler…mas lembro do primeiro poema que declamei na escola.
Quanta ternura em palavras,nunca me esqueci do poema,nunca deixei de ser “ratinha”…e agora já na maturidade busco também como Casimiro e todos os poetas, trazer um tiquinho de doçura ,verdade e beleza através da escrita.
Obrigada ” Miro” 💘
Para meu Pai e todos os Pais :
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias De despontar da existência! – Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é – lago sereno, O céu – um manto azulado, O mundo – um sonho dourado, A vida – um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d´estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar!
Oh! dias de minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberto o peito, – Pés descalços, braços nus – Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo E despertava a cantar!
[…]
Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! – Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!