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- Veja querida, que lindo aquele farol mais a frente!
- Hã, hã… é, é lindo.
Nestes últimos dias ela têm estado impaciente, mas Jorge não percebeu, esse tipo de sensibilidade não é o forte dele. Sempre se entenderam, desde o começo, mas o anos de convivência vão alterando a maneira de pensar, e no momento Estela já não tem tantos planos assim para o futuro…por isso a vontade de romper. Quem sabe desta forma ampliar o horizonte e empreender novas jornadas. - Que tal irmos lá dar uma espiada?
- Hã? Aonde?
- No farol, baby…
- Sim, sim… podemos ir…
É meio da tarde, e o sol dá um tom de verde lindo na água…O farol destaca- se no céu azul, dono de si, tomando conta de tudo ao redor, com sua aura de antigo mistério. Jorge já o está contornando em busca da entrada. Estela não tem muita certeza de que seja uma boa ideia. Ela nunca gostou de lugares escuros e apertados, mas darão lindas fotos lá de cima… Ele logo chega à porta, que se abre ao encostar, revelando o interior do prédio escuro. Ele entra, curioso, e chama a mulher, que o acompanha. Lá dentro nada de extraordinário, a passagem dos anos deixou marcas como em todo prédio antigo. O que chama mesmo a atenção deles é a escada, indo em direção ao céu negro…munidos da lanterna do celular eles se olham, cúmplices, e começam a subida. Engraçado como é frio aqui dentro, pensa consigo Jorge, e de imediato vêm a mente uma tarde , há muito tempo atrás, quando ele era muito jovem … - Jorge nasceu e cresceu no interior. No campo, os jovens são acostumados desde cedo a lidar na roça e alguns ensinados a atirar . É cultural, passa de pai pra filho o gosto por armas e a caçar por diversão. Ele amava especialmente o tiro e sentia uma profunda sensação de poder com a espingarda.
… continua

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