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Beto para de olhos arregalados, puxando Nando pelo moletom.
- Amor, não pode ser… não saímos da praia.
- Talvez seja outro farol… só pode.
Mas o carro continua ali, atolado ainda…e eles se olham estupefatos. Decidem então seguir para o lado oposto, talvez encontrem uma casa. Caminham uns quarenta minutos sem nada avistar, até que a luz da lanterna ilumina um carro, eles se apressam para falar com o motorista, mas chegando mais perto podem ver que é um jipe, atolado na areia…uns cem metros a frente ergue-se um farol… Beto cai de joelhos e começa a chorar… - Levanta amor, não, não faz assim…vai ficar tudo bem.
Nando ajuda o namorado a levantar e dentro de si tenta achar uma explicação plausível para aquilo tudo, tenta, mas não há nenhuma. O vento e a chuva voltam a castigar, inclementes , e os rapazes resolvem passar a noite no farol, pelo menos estarão abrigados.
Lá fora a tempestade avança, e dentro do edifício o clima é de tensão, preocupados em como irem embora na manhã seguinte, cada um vaga em pensamentos tentando achar uma solução, pelo menos a luz do dia ajudará a situarem -se melhor, tudo fica melhor quando amanhece. - Nando preparou uma fogueira, eles comeram e se recostaram nas mochilas, ouvindo o vento uivar na lagoa…o sono chegou para os dois, e no sonho de ambos, eles subiam as escadas em caracol, o faroleiro à frente, com um lampião de querosene, de uniforme antigo e com gestos autoritários, guiando os namorados através da escuridão, chegando ao topo, o homem mostra a eles o entorno do farol, apontando os pontos onde a areia é firme, e onde a maré negra devora tudo que a toca. Ele fala do respeito que devem ter a essa força da natureza, a areia movediça que só existe ali …o farol se alimenta da culpa e dos segredos, a areia suga pra si quem não acredita na força dela. Os rapazes se amam, é uma troca verdadeira, o farol respeita isto, mas a areia têm suas próprias leis e seu próprio julgamento …todo cuidado é pouco.
… continua

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