A Maldição do Farol…A Espera Acabou (final)

A vida continuou nos afazeres do cotidiano, enquanto Isabel crescia e se tornava uma linda menininha que amava muito a lagoa, sua brincadeira favorita era fazer castelos de areia, e assim passava grande parte dos dias mais quentes…ela tinha agora quatro anos. Os pais, sempre atarefados, ficavam cuidando de longe, deixando a menina bastante tempo sozinha, montando seus castelinhos. Foi em uma dessas manhãs de verão, de tempo bom e céu azul, que Isabel, armada de seu baldinho, se dedicava na areia, quando viu boiando na água algo brilhante, chamativo e diferente…ela ficou curiosa e levantou para ver melhor.

O objeto parecia se aproximar da margem, e a pequena deu uns passos na água para chegar mais perto. Ela havia aprendido desde cedo que não podia entrar na lagoa sem os pais, mas a curiosidade infantil foi mais forte, e ela queria pegar o objeto, então…
Em questão de segundos a água estava na cintura da menina e quando Tereza viu do Farol a criança na água, gritou com todas as forças chamando Francisco , e correu desesperada. No mesmo instante um nevoeiro vindo das profundezas de um pesadelo, baixou sobre a praia, cobrindo tudo e deixando os pais cegos, o terror tomando conta de ambos, eles na água tateando em busca de Isabel. Eles não viram, mas na janela, no topo do farol, sombras observavam a cena, sombras escuras, tristes e vingativas.

A menina já havia sucumbido sem um som, e Tereza, em desespero, entrou cada vez mais fundo na água procurando e procurando no nevoeiro, até que exausta, afundou… Horas depois, Francisco acordou na praia sozinho, mas antes não houvesse jamais acordado, foi o que ele pensou, pois as razões da sua vida jamais voltariam das profundezas frias daquela lagoa…
Bem que as pessoas do povoado tentaram, mas Francisco jamais se recuperou, tampouco quis sair do Farol, ficou ali, esperando, pois tinha certeza de que um dia elas voltariam, não, elas não iriam abandoná-lo…isso era absurdo. O tempo passou, seus amores jamais voltaram, e Francisco se afogou na bebida, da mesma forma que elas nas profundezas do lago. Morreu esperando, mas agora, a espera havia chegado ao fim …
-Vejo que a refeição acendeu sua memória, querido.
Ele então, erguendo os olhos viu Tereza, sim, Tereza seu amor estava ali, ele agora lembrava…e aonde está Isabel? Onde está sua menininha?
Tereza lhe estende a mão, ele aceita e eles caminham até a porta, lá na margem está a menina, fazendo seus castelinhos, feliz e sorridente…Ela acena para os pais com a pequena mãozinha. A felicidade de Onofre é interrompida por um golpe gelado no rosto.

  • Acorda homem! O porre foi grande desta vez…
    Era o vizinho, que encontrando o outro desacordado na beira da estrada tentava reanimá- lo com um balde de água na cara.
    -Tereza… Isabel…aonde, cadê elas?
  • Não tinha ninguém aqui não, amigo. Se não te vejo aí caído um carro passava por cima.
    Com dificuldade Onofre levanta, ele já tinha decidido aonde iria agora…
    Era final de tarde quando ele chegou no farol, as últimas luzes bruxuleavam nas paredes do antigo prédio. Onofre sabia exatamente como entrar, porque tantas vezes havia aberto as portas, subido e descido aquelas escadas, que já faziam parte dele, assim como a saudade que agora ele lembrava e sentia vívida, a falta que a vida toda ele havia suprido com bebida e palhaçadas…o vazio imenso que as duas lhe causavam. Ele começou a chamar por elas, primeiro baixinho, depois aos gritos…e então ele ouviu…era a risada de Isabel, sim, sua preciosa filhinha…vinha da escada, do alto dela . Mas o que a pequena estaria fazendo sozinha lá em cima?
  • Ele tinha que ir buscá-la e rápido, era muito perigoso lá no alto. Onofre sobe então a escada, a mesma que em outra vida ele tantas vezes havia subido para acender a luz do velho farol. As risadas continuavam e o incentivam a ir mais e mais rápido. Finalmente ele alcança o topo, mas… cadê a menina? Onde está Tereza?
    Ele então olha pelo parapeito e avista ambas lá embaixo na praia, Onofre as chama, acena e elas retribuem, chamando-o para junto delas. O antigo bêbado, agora o faroleiro outra vez, debruça-se um pouco mais e então, rápido como um piscar de olhos, ele desaba lá do alto, e não tendo onde se apoiar, desmorona no chão, na areia… quebrando o pescoço na queda.
    Quando abre os olhos novamente, Tereza e Isabel estão ali, solícitas, com um copo d’água e um cafuné. Não mais a solidão, nunca mais as bebedeiras e ressacas, esquecerá o choro abafado no travesseiro…agora são os três novamente, depois de quase dois séculos. A família entra no abrigo do farol , enquanto a areia dá cabo do corpo contorcido de Onofre…a espera acabou.

imagens do Pinterest

Vacina da Covid-19 em crianças: tudo o que você precisa saber

Recentemente, os Estados Unidos autorizaram o uso da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. A liberação ocorreu depois da conclusão de um estudo, ainda não publicado, com cerca de 2 200 participantes nessa faixa etária, que apontou uma eficácia de 90% da fórmula, sem efeitos colaterais importantes. 

A farmacêutica já anunciou que pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a ampliação do público alvo também no Brasil. Deve ser a primeira de outras. “Temos vacinas em fase final de testes com os mais novos, sendo que algumas já foram usadas com segurança em dezenas de milhões de crianças e adolescentes pelo mundo”, explica o infectologista pediátrico Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Só que, mesmo antes de chegarem aos pequenos, as vacinas já estão sendo vítimas de uma campanha difamatória. Diretores da Anvisa foram ameaçados para negarem a autorização para a Pfizer mesmo antes da formalização do pedido. 

Enquanto isso, sites maliciosos e influenciadores divulgam notícias falsas sobre as vacinas, exagerando ou mesmo inventando mortes e reações adversas graves. O movimento, embora tímido frente à alta adesão dos brasileiros à campanha de imunização, preocupa os especialistas. 

Dose das crianças é menor e milhões já foram vacinadas com segurança no mundo. Pediatras defendem a inclusão delas na campanha de vacinação

Vacina da Covid-19 em crianças: tudo o que você precisa saber

publicado originalmente em Veja saúde

1% mais rico emite 30 vezes mais que o necessário para conter aquecimento global

A concentração de renda está entre os grandes vilões da crise do clima, indica um estudo divulgado nesta sexta (05/11) durante a COP26, conferência climática da ONU que acontece em Glasgow, na Escócia.

Dos anos 1990 para cá, as emissões de gases causadores do aquecimento global ficaram ainda mais concentradas no 1% mais rico da população mundial. Hoje, elas são 30 vezes mais altas do que deveriam ser se a humanidade quiser evitar mudanças climáticas perigosas (limitando o aumento da temperatura a menos de 1,5 ºC em relação aos níveis históricos).

Os dados vêm de um estudo feito pelo Instituto de Política Ambiental Europeia e o Instituto do Ambiente de Estocolmo (Suécia), a pedido da ONG Oxfam. Até 2030, o 1% mais rico estará emitindo 16% do total de CO2 produzido pela espécie humana. Em 1990, eles concentravam 13% das emissões.

Cada indivíduo desse grupo seleto de poluidores estará lançando no ar cerca de 70 toneladas de CO2 anualmente. Já as emissões dos 50% mais pobres da população ficarão em torno de 1 tonelada de gás carbônico por pessoa, por ano. “Uma elite minúscula parece ter ganhado passe livre para poluir”, declarou Nafkote Dabi, coordenadora de política climática da Oxfam.

A situação é preocupante mesmo quando são levados em conta os 10% mais ricos da população mundial. Se eles não restringirem seus padrões de consumo, o limite de emissões necessário para evitar um aquecimento superior a 1,5ºC poderá ser ultrapassado independentemente das ações dos outros 90% da humanidade. Os autores do relatório afirmam que é preciso impor restrições severas aos excessos do padrão de vida dos mais ricos, em setores como os voos particulares de avião e o uso de iates.

A conclusão é de uma pesquisa apresentada hoje (5) na COP26. Cada indivíduo da elite econômica mundial emite 70 toneladas de gases de efeito estufa anualmente.

1% mais rico emite 30 vezes mais que o necessário para conter aquecimento global

publicado originalmente em superinteressante